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Entrevista | Thiago Vieira dá panorama real das estradas, portos e aeroportos de SC

Por: Marcos Schettini
29/06/2021 17:54
Ricardo Wolffenbüttel/Secom

Secretário de Estado da Infraestrutura e Mobilidade, o militar Thiago Vieira é homem de confiança do governador Moisés e tem a importante missão de liderar os investimentos no setor que garante desenvolvimento, emprego, renda e segurança aos catarinenses.

Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, o tenente-coronel da Polícia Militar deu um panorama das ações do Governo do Estado nas rodovias, aeroportos e portos de Santa Catarina, apontando os entraves das ferrovias e do tão sonhado transporte aquaviário em Florianópolis.

Thiago Vieira ainda citou os programas que estão injetando investimentos na recuperação de estradas estaduais, comentou sobre a dedicação por uma grande transformação da BR-282 e afirmou que a equipe está trabalhando pensando uma Santa Catarina com visão em 2035. Confira:


Marcos Schettini: Qual o mapa real das estradas de SC?

Thiago Vieira: As condições de infraestrutura em Santa Catarina estavam precárias, isto porque não havia capacidade de investimentos, especialmente, para restauração e manutenção de rodovias. Em regra, as obras que eram realizadas decorriam de financiamentos, sem a possibilidade de investir na recuperação da malha rodoviária. Não por outra razão, 74% dos mais de 5 mil quilômetros de rodovias estaduais pavimentadas se encontravam em estado péssimo ou ruim, na prática, esburacada ou sem a adequada condição de segurança viária. O governador Moisés, então, sabiamente decide por priorizar a infraestrutura. Com recursos próprios, sem pagar juros dos financiamentos, passamos a ter investimentos históricos em obras estruturantes com o Programa Novos Rumos e em serviços de conserva rodoviária com o Projeto Recuperar. No Grande Oeste catarinense, por exemplo, de 2019 até agora, foram R$ 128.147.580,59 para os trabalhos de conservação rodoviária e mais de R$ 642.289.433 em obras de infraestrutura e transportes. É recurso como nunca se havia aplicado e, gradativamente, vamos melhorando as condições da nossa malha rodoviária, tirando a poeira e a lama da vida das pessoas, proporcionando conforto, segurança viária e fluidez para a nossa pujante produção.

Schettini: Como o Estado deve assumir a solução sem mais enrolação?

Thiago Vieira: Não vejo enrolação em nenhum momento da gestão, pelo contrário. O Estado assumiu esse compromisso de colocar as máquinas na rua, tirar os projetos do papel e tornar realidade demandas históricas dos catarinenses. Até 2022 serão bilhões investidos, de modo que não é exagero dizer que transformamos Santa Catarina em um canteiro de obras, e o melhor, tem muito mais obras para iniciarmos e entregarmos. Contratamos mais de 2.227 km de projetos rodoviários que devem ser finalizados em breve, para que possamos contratar as obras.

Schettini: As rodovias federais estão um queijo suíço, mato, mal sinalizadas, um caos. Onde o Estado entra?

Thiago Vieira: O Estado fez a lição de casa nos dois primeiros anos da gestão, colocando as contas em dia, economizando, cortando gastos e agora tem capacidade não só para reabilitar e pavimentar rodovias catarinenses, como já manifestou o interesse e está prestes a injetar recursos para acelerar as obras em andamento nas BRs 470, no Vale, 280, no Norte e 163, no Oeste. Esclareço e corrijo alguns discursos falaciosos, em nenhum momento estamos retirando recursos de obras estaduais para aportar em rodovias federais. Há capacidade de investimentos. Agora, estamos discutindo a melhoria da BR-282, movimentando as lideranças catarinenses para que seja um próximo passo a darmos em conjunto com o Governo Federal. Nós entendemos que são os catarinenses que passam pelas rodovias, sejam elas federais, estaduais ou municipais. Para se ter uma ideia, entre 2017 e 2019 foram registrados aproximadamente 5 mil acidentes e 265 mortes no trecho da BR-470 que passa por Santa Catarina. Os dados são da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Estradas seguras previnem acidentes e evitam mortes, só por isso o investimento estaria justificado. Essas rodovias também são corredores logísticos importantíssimos e que proporcionam desenvolvimento para a nossa cadeia produtiva. Santa Catarina cresce 4 vezes mais que a média nacional e, por isso, temos que trabalhar para tirar os gargalos que possam frear a nossa economia.


Schettini: Qual é o tamanho da retomada dos ajustes a serem feitos no aeroporto de Navegantes?

Thiago Vieira: Será criada uma comissão para acompanhar os trâmites técnicos da concessionária, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal. Estamos acompanhando. Assim como a sociedade civil organizada, entendemos que deve ser cumprida a demanda da construção de uma nova pista para que seja possível operar o transporte de cargas. Para nossa cadeia logística, a implantação da segunda pista é fundamental para que possamos ter na região um importante hub, interligando o aeroporto aos portos e rodovias.


Schettini: E os demais aeroportos?

Thiago Vieira: A retomada e o fortalecimento da aviação regional é uma das prioridades da gestão do governador Moisés. Estamos reativando e dando condições de operação a diversos terminais que estavam sucateados e esquecidos. Um exemplo é o Aeroporto Regional do Planalto Serrano, um desejo da região de mais de 20 anos, que possuía uma obra abandonada por 4 anos, e que foi reaberto para operação em 2020. Após a injeção de cerca de R$ 8 milhões nos últimos dois anos, em breve teremos voos comerciais partindo deste aeroporto para São Paulo.

Terminais como o de Joaçaba e de Caçador também receberam melhorias e estamos trabalhando para que, junto com o aeroporto de São Miguel do Oeste, possamos ter neles voos entre os aeroportos regionais com aeronaves menores, integrando o Estado por meio da aviação. No caso do aeroporto de Caçador temos planos para que se torne um hub de cargas também.

Em Jaguaruna, reforçamos a segurança, inclusive contra incêndios, instalamos dois equipamentos chamados PAPI, que proporcionam melhores condições de pouso e decolagem, pavimentamos o acesso e está em curso um estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental para a concessão desta importante ferramenta do Extremo Sul. Entendemos que a iniciativa privada tem o knowhow para potencializar a operação destes terminais.

Para todos os aeroportos regionais temos ações em andamento, a citar, a meta de viabilizar o balizamento noturno. Onde tem aeroporto, tem desenvolvimento econômico e, mais, tem condições de saúde, transporte de pacientes, tem qualidade de vida. Em síntese, graças a vontade do governador Moisés, somada ao esforço dos técnicos da Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade, temos hoje uma nova realidade da malha aeroviária.


Schettini: O transporte por navegação marítima não é um caminho imediato para desafogar o litoral?

Thiago Vieira: Primeiramente, entendemos que é uma demanda importante e essencial e que deve ser tratada como prioritária. Por isso, temos que de fato fomentar as operações de cabotagem. Dito isso, sobre o transporte aquaviário, preciso destacar que é um assunto que se arrasta por décadas, mas tudo que se fez até agora infelizmente foi robustez e detalhamento técnico.

Quando assumimos a Secretaria, colocamos essa pauta como prioritária e por isso chamamos o BID, que já fez um estudo de viabilidade gratuitamente, com cinco consultores especializados. Neste levantamento, foram apontados três pontos viáveis economicamente para fazer a operação. Agora estamos em tratativas com o BID para aprofundar estes estudos, é uma segunda etapa desse processo. A terceira é a execução do projeto que resultará, mais adiante, no edital de licitação.


Schettini: Por que tanta demora se os empresários do setor privado querem investir imediatamente?

Thiago Vieira: De fato, este é o nosso desejo, que possamos firmar parcerias com o setor privado, destravar a máquina pública. Quando se imaginou que o Terminal Rodoviário Rita Maria estaria em processo para a concessão? A defesa desta gestão é fomentar as parcerias público-privadas. Estamos fazendo um trabalho consistente e sério para que, depois de implementado, não haja nenhum tipo de questionamento sobre a função e viabilidade técnica, econômica e ambiental. O transporte aquaviário é um bom exemplo disso. Cada empresário que apresenta uma proposta estamos a dar a devida atenção, pois nosso foco é que possamos melhorar a prestação dos serviços ao cidadão.


Schettini: Resolver a questão da infraestrutura em SC é uma bandeira que a Fiesc cobra diariamente. Qual é o comprometimento?

Thiago Vieira: A Fiesc e a sociedade civil organizada têm sido parceiras apresentando demandas, estudos e colaborando com as discussões que envolvem a infraestrutura de Santa Catarina, especialmente no que diz respeito à logística. Todavia, já está evidente o que necessitamos e desejamos, portanto, o esforço de todos os segmentos está na promoção de ações que permitam tornar realidade as demandas de infraestrutura.

Schettini: Qual a discussão real sobre o transporte ferroviário?

Thiago Vieira: Nós entendemos que as demandas que envolvem o transporte ferroviário são de extrema importância e temos estudos em andamento. Temos trabalhado em projetos reuniões com Dnit. Mas sem recursos do Governo Federal, não temos condições de operacionalizar. Para se ter uma ideia, a ferrovia Leste-Oeste necessitaria de um investimento de mais de R$ 20 bilhões. O Estado não tem condições reais de arcar com essa conta.


Schettini: Os portos não deveriam estar na sua Secretaria ao invés da SCPar?

Thiago Vieira: Na verdade, entendemos que os portos devam estar na mão da iniciativa privada, que possui expertise e consegue promover ações de continuidade para o desenvolvimento das operações. Mesmo assim, vale pontuar que o Governo do Estado investiu cerca de R$ 125 milhões para ampliar a bacia de evolução do complexo portuário de Itajaí, permitindo que o comprimento máximo de navios saltasse de 306 metros para 350 metros e possibilitando que a entrada e saída de navios no período noturno fosse de até 306 metros de comprimento. Com esta importante obra, aumentamos a competitividade e ajudamos a consolidar este complexo portuário como o segundo maior do Brasil.


Schettini: Defina o futuro de SC no mecanismo da infraestrutura?

Thiago Vieira: Infraestrutura deve ser política de Estado. Como bem destaca o governador Moisés, é por meio da infraestrutura que iremos gerar desenvolvimento e renda. Onde há renda, há desenvolvimento social e melhores condições de vida. Desta forma iremos ser conduzidos a um ciclo virtuoso, gerando mais tributos e capacidade de investimentos em todas as áreas, como educação, saúde e segurança. Já estamos em todas as regiões entregando obras históricas, mas trabalhamos pensando uma Santa Catarina com visão em 2035. A exemplo disto, temos a contratação de um estudo de viabilidade técnica, ambiental e econômica para implantação de uma nova rodovia litorânea que possa reduzir distâncias e tirar gargalos existentes no trecho entre a BR-280 e Tijucas. São mais de R$ 40 milhões de investimentos em projetos que, gradativamente, irão continuar este processo de transformação da nossa infraestrutura.


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